sábado, 12 de dezembro de 2009

Johan: de apelido ‘deus’ (Parte 1 de 4)

Certa vez, há muito tempo, Johan acordou empolgado. Havia ele nascido há algumas estações, mas era a primeira vez que sentia tal sensação. O dia não parecia atípico para que algo fosse modificado, ou melhor, necessitasse de modificação, mas, durante essa manhã, Johan se divertiu inventando palavras e imaginando objetos que se associassem a essas palavras – que julgava esquisitas -, pensando em torná-las toda uma parte de sua rotina. E, como pretendia, assim o fez.
Dentre as dificuldades, sobressaía-se o fato de Johan não entender quase nada de parâmetros; de certo ou de errado. Ele apenas compreendia o que era o ‘puro’ e o ‘misturado’, e percebia o apreciar. Por isso, muitas das palavras que inventou e, das coisas que fez pelas palavras: traziam novas sensações; entre elas, o oposto da apreciação (depreciação) e o olhar de espanto.
Mas ao término de apreciar, depreciar e se espantar com todas as coisas inventadas e nominadas, Johan estava cansado, só queria saborear o marasmo em algum lugar calmo e bonito. Para isso ele imaginou e inventou em pouco tempo o que queria: o comodismo – aos poucos seu vocabulário estava aumentando.
No dia seguinte, além de acordar cansado, depois de tanto descansar, Johan percebeu que seu humor não era o de costume, e que sentia uma leve sensação desagradável na parte extrema a cima do pescoço. Denominou de mau tudo aquilo que o acometia, mas mesmo assim, ainda sentia motivação para inventar novas ‘palavras e coisas esquisitas’.
Em seu lugar de paz – que havia criado um dia antes -, pensou em várias modificações. Faltavam cores e coisas que representassem essas cores. Algumas das coisas que idealizou e fez, utilizaram apenas cores puras. Nas outras - talvez fosse pelo cansaço -, Johan misturou a esmo suas idéias e tintas, criando algo que chamou de grotesco. Mas, confusamente o que mais chamou a atenção de Johan era que o puro nem sempre era o mais belo, o grotesco, dependendo de seu olhar extremamente sincero, agradava; isso confundiu sua percepção natural: foi quando ele teve sua primeira síncope.
Johan acordou horas depois, e não quis mais saber de criar nada, a sua única vontade era destruir todo o mal estar que pairava sua rotina, seu gosto. Nesse momento – apesar do sentimento de raiva e repulsa a tudo -, ele percebeu que precisava usar de um modo para ter certeza de que suas criações eram boas, necessárias e interessantes. Descobriu que dentro dele havia um ego, uma chama misturada de emoções precisando interagir com alguma coisa.
Johan passou o resto do dia pensando, mas não conseguiu definir o que era a primordial necessidade para entender seu ego, e à medida que pensou nisso, criou coisas sem saber e sem pensar na pureza ou na apreciação. Ele estava assustado, mas resolveu não desistir de encontrar aquilo que tanto procurava e não sabia o que era – Nesse segundo dia, ele já havia criado rebuscadamente, um caderno mental cheio de coisas e palavras que nominou.

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